Cleudimar Ferreira
Sabino Gomes de Góis alusivamente conhecido como “Sabino das Abóboras”, nasceu na Fazenda Abóbora, localizada
na zona rural do município de Serra Talhada/PE, próximo a fronteira com a
Paraíba. A fazenda pertencia ao respeitado coronel Marçal Florentino Diniz - pai de
Marcolino Pereira Diniz. No local era criada grandes quantidades de cabeças de gado,
havia vastas plantações de algodão, engenho de rapadura, além de outras produções rural que geravam recursos. Também existem dois riachos. Um denominado Abóbora e o outro de Lage, que abastecem de forma positiva a gleba.
Sabino era filho da união não
oficial entre o coronel Marçal Florentino Diniz e uma cozinheira da fazenda. Consta que ele trabalhou primeiramente como tangedor de gado, o
que certamente lhe valeu um bom conhecimento geográfico da cercanias da fazenda e da região onde estava edificada a mesma. Valente,
Sabino foi designado comissário (uma espécie de representante da lei) na circunvizinhança
da fazenda Abóbora.
Para alguns estudiosos do
cangaço, teria sido Sabino quem coordenou a vinda do debilitado Lampião para ser
tratado pelos médicos José Lúcio Cordeiro de Lima e Severino Diniz, de um ferimento no pé ocasionado pelo confronte do chefe do cangaço com a polícia, na localidade de Serra do Catolé, pertencente ao antigo município de Vila Bela, hoje Serra Talhada/PE. E que a amizade
entre Lampião e o filho bastardo de Maçal Florentino Diniz, teria nascida na Fazenda
Abóbora e se consolidado a ponto de Sabino se juntar ao Rei do Cangaço e
seu bando, em uma posição de destaque no famoso ataque de cinco dias a Mossoró, Rio
Grande do Norte, ocorrido em 13 de junho de 1927.
Asseguram também esses especialistas em história nordestina, que a inserção de Sabino no cangaço se deu em razão do assassinato de um primo legítimo seu, de nome Josino Paulo, surdo-mudo, morto por Clementino Quelé - conhecido por tamanduá vermelho, nas pilhérias do cangaço. Por outro lado, há uma corrente de estudiosos do assunto que defende, que o ataque a cidade de Souza teria sido outra porta importante de entrada de Sabino no bando de Lampião. Fato esse, que veio antecipar o afastamento e rompimento do líder do cangaço do poderoso coronel Zé Pereira, de Princesa, cunhado de Marcolino Diniz.
Entre 1921 e 1922, Sabino acompanhou
seu meio irmão Marcolino para Cajazeiras. Na cidade dos Rolins, Marcolino Pereira Diniz desfrutava de
muito prestígio político. Era presidente de clube social, dono de uma casa
comercial e do jornal “O Rebate”. Tinha franca convivência com a elite
cajazeirense. Sabino por sua vez era guarda costas de Marcolino e andava
ostensivamente armado. Nesta época Sabino passou a realizar nas horas vagas,
com um pequeno grupo de homens, pilhagens nas propriedades da região.
Foi através do Cel. Marcolino,
que Sabino trouxe para residir na cidade Cajazeiras, sua mãe - Maria Paula, carinhosamente chamada
pelas pessoas de Vó e suas quatros filhas: Maria, Geni, Alaíde - Nazinha e
Maria de Lourdes - Delouza.
Em 13 de março de 1928, já completando um ano da ousada investida a cidade de Mossoró/RN, Sabino se dirigiu com Lampião e seu bando para a região do cariri cearenses, entrando nas terras alencarinas pelos lados de Macapá, atual Jatí, indo em direção a Fazendo Batoque de propriedade do coiteiro Antônio Teixeira Leite (Seu Antônio da Pirraça como era conhecido).
Em 13 de março de 1928, já completando um ano da ousada investida a cidade de Mossoró/RN, Sabino se dirigiu com Lampião e seu bando para a região do cariri cearenses, entrando nas terras alencarinas pelos lados de Macapá, atual Jatí, indo em direção a Fazendo Batoque de propriedade do coiteiro Antônio Teixeira Leite (Seu Antônio da Pirraça como era conhecido).
Arranchados nas terras da fazenda o bando de Lampião foi alcançado por uma volante comandado pelos tenentes: Arlindo e Eurico Rocha e o sargento Manoel Neto. Numa noite de chuva forte e muito relâmpagos no céu, Sabino e mais outros comparsas, se deslocaram até a sede da fazenda, para buscar munições e armas, e ao atravessar por um "passadiço" de uma cerca, foi iluminado por um relâmpago, sendo visto e alvejado rapidamente pelos policias da volante de Arlindo Rocha. Era a morte e o fim de Sabino das Abóboras.
Poucos cangaceiros foram tão cultivados (fora o chefe Lampião) do que Sabino Gomes, cuja presença no cangaço, a cultura popular se encarregou de perpetuar, a exemplo da trova divulgada pelas bandas do sertão, a qual dizia: "Lá vem Sabino mais Lampião, Chapéu quebrado, fuzil na mão".
Antigo casarão (sede) da Fazenda Abóbara - hoje |
Cel. Marcolino Pereira Diniz (dono nos anos 20 do jornal "O Rebate" de Cajazeiras) e seus homens de confiança |
Nenhum comentário:
Postar um comentário