porFrancisco
Cartaxo
Francisco
Matias Rolim foi figura importante em Cajazeiras. Nascido em Olho d’Água do
Melão, ali perto da divisa do Ceará com a Paraíba, Chico Rolim afirmou-se,
rapidamente, no comércio de tecidos, na sociedade e na política. Vereador,
presidente da câmara municipal e prefeito duas vezes, eleito em 1963 e 1976,
foi beneficiado por duas prorrogações de mandatos, no tempo da ditadura,
governando o município por 11 anos.
Antes
do sucesso na política, Chico Rolim já era festejado no meio social, graças a
seu jeito de lidar com as pessoas, sua animação nos badalados clubes daquela
época: o 8 de Maio e o Primeiro de Maio. Por isso, teve participação ativa na
criação do Cajazeiras Tênis Clube, o ponto da elite cajazeirense daquele tempo.
Aliás, pretensiosa elite, a começar pelo nome dado ao clube, sem que houvesse
sequer raquete de tênis, muito menos quadra para a prática do esporte... Até
aí, tudo bem. Pior foi o Tênis Clube nascer violando a história. Mais tarde,
muito depois, Chico confessou seu erro, como está registrado na página 97 do
livro “Miolo do Sertão - A história de Chico Rolim contada a Sebastião Moreira
Duarte”:
“Pois
bem, devo ter sido a segunda pessoa mais influente em Cajazeiras, no propósito
de botar abaixo a casa de Mãe Aninha, para ali se construir o Cajazeiras Tênis
Clube. O meu amigo dr. Hildebrando Assis, presidente do 8 de Maio, tratou,
antes de tudo, de convencer seu vice-presidente de que deveríamos mudar não só
o nome de nossa associação, mas também o local, e em toda a cidade nenhum
espaço seria mais privilegiado para o clube mais requintado de Cajazeiras do
que aquela área entre os dois baldes do açude.”
E
assim fizeram. Prevaleceu a vontade dos defensores do “progresso” contra os que
se apegavam à “tradição”, como se propagou então, inventando-se a falsa
polêmica do “avanço” versus o “atraso”. A casa era marco da fazenda Cajazeiras,
pertencente aos fundadores da cidade. Para destruí-la, havia outra razão,
guardada a sete chaves. Parte da elite “progressista” envergonhava-se da antiga
morada do padre Inácio de Sousa Rolim. Por quê? Porque a casa era de taipa.
Portanto, indigna para servir ao grande educador do sertão, o padre-mestre, o
santo. A casinha depunha contra a grandeza do padre Rolim, diziam. Não invento.
Apenas recordo. Menino, quase rapaz ouvi semelhante asneira, dita no alpendre
do casarão onde nasci. E lembro quem usava esse argumento, sob o olhar triste
de meu pai, Cristiano Cartaxo, inconformado com a derrubada da centenária casa
de Mãe Aninha. Onde, aliás, um século depois, residiu o avô de Chico Rolim.
Chico está aí, lúcido, para confirmar.
Valeu
a pena? Com menos de 50 anos de inaugurado, o Tênis Clube já se tornara um
trambolho. Por um triz não virou sucata imobiliária, até que, graças ao denodo
de Rubismar Galvão e outros abnegados, resolveram salvá-lo em nome da tradição.
Que ironia! Tradição desdenhada nos anos de 1950, quando se pôs abaixo um
patrimônio histórico de Cajazeiras. Tão importante quanto o acervo imaterial
legado por Deusdetit Leitão à UFCG. Acervo que precisa sair das caixas onde se
encontra. Do contrário terá o mesmo destino do Museu da Diocese.
Antiga casa (demolida para dá lugar ao Tênis Clube) onde
viveu os pais do fundador de Cajazeiras.
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