domingo, 5 de junho de 2011

No reino do rubacão, cultura pode ser qualquer coisa

Cleudimar Ferreira


A cultura, como conjunto de conhecimentos artísticos culturais, típica manifestação espontânea de um povo, sempre foi objeto de admiração e atenção não só nas sociedades desenvolvidas, mas também, nas camadas populares identificadas com a sua linguagem. É algo elementar e necessário para se entender a história de uma comunidade. Suas crenças e costumes; sua arte e seu folclore. Porém, até quando suas instituições estiveram sob a gestão de grupos e lideranças comuns, afinadas como suas raízes, ela esteve bem guardada. Mas quando passou a se cobiçada e assediada por políticos oportunistas e por um estado inoperante interessado no seu uso como forma de aproximação das massas, as suas origens aos poucos foram desmoronando e sua história também.

O Estado como parte integrante de uma sociedade, era para ser um exemplo a ser seguido no que se refere ao tratamento da cultura, já que os seus gestores receberam do povo uma titulação, que lhes garante ser chamado de representantes do povo, de seu povo e jamais essa representação faltaria a esse povo, principalmente as suas manifestações artísticas e culturais, considerado pelos estudiosos como algo sagrado transmitidos de gerações passadas para gerações futuras. Mas a coisa se revela o inverso e a cultura sempre foi tratada, como algo a parte, elevada a segundo plano, ou praticamente sem importância nenhuma.

No que se refere às administrações municipais, "ela" - Cultura, foi encarada como atividade de prioridade menor no famoso leque de ações administrativas e, portanto, esquecida do orçamento anual. Mas, péra aí, não vamos fazer tempestade em copo d’água. Há exceções e bons exemplos a ser seguidos de prefeitos que faz jus ao mandato emanado pelos seus súditos e entendendo que cultura atrai o turismo e turismo atrai dinheiro, investe - mesmo pouco, na preservação de seus monumentos históricos; consegue organizar aqui e ali um museu em suas cidades, algumas bibliotecas, parques temáticos com teatros, cinemas e até galeria de arte. Numa tímida preocupação em resgatar focos de culturas adormecidas, chegam a tirar do anonimato grupos folclóricos e musicais.

Entretanto não é o caso de Cajazeiras. Em Cajazeiras, há um foco de poeira destruidora nos céus da cidade que o elevou a categoria de cidade que mais dívidas tem com a falta de preservação das raizes culturais e com a conservação de seu passado-histórico. A avalanche destruidora começou com a derrubada da casa de Mãe Aninha que se ainda estivesse no local seria hoje, juntamente com por do sol um dos locais mais vistos pelos nossos visitantes. Depois, veio aquele golpe fatal na velha ponte do sangradouro do Açude Grande. Em seguida, a destruição de vários casarios - vide as antigas sedes da prefeitura, cadeia pública e correios. Esses monumentos que simbolicamente representava a remota arquitetura de Cajazeiras, foram derribados e os que ficaram em pé, esquecidos, maquiados com modernas placas publicitárias, outros abandonados ou em ruínas.

Aí vem uma pergunta. Porque a cidade ainda não teve o seu museu? Cidades menores de orçamentos curtos destinados a cultura, como "Poço de Zé de Moura" conseguiu organizar o seu museu e manter uma política de preservação de prédios antigos identificados com a sua história. Porque Cajazeiras que tem uma gama de recursos bem mais avantajado do que cidades como: "Poço de Zé de Moura", "Pombal" e "Aparecida" não tem uma política de amparo a sua cultura e sua arte? Os grupos de reisados que encantava a todos, há tempo que não se houve falar; a banda cabaçal praticamente também; o carnaval tradição, com suas troças e charangas foi sucumbido pelos trios elétricos, uma verdadeira destruição de nossas formas de brincar advindas de nossos antepassados.

Cajazeiras não têm o que mostrar ao turista e não vai ter nunca, isso porque os seus administradores não foram moldados de sensibilidades e, portanto não parece gostar de cultura e arte. E os que foram colocados na cadeira de Prefeito nos últimos anos, demonstraram com seus atos que cultura é trio elétrico nas ruas com pessoas alienadas, bombadas, com copo de cerveja na mão num tremendo "rebolation" ao som do Axé Music ou uma banda de forró eletrônico como mulheres seminuas, de bundas de fora e uma multidão em baixo a contemplar. Um péssimo conceito de cultura exposto em praça pública para uma população desinformada. Desaculturados, descompromissados em preservar os valores culturais e históricos de sua gente, deitam-se em berço esplêndido no reino do rubacão; acham que cultura é qualquer coisa e sem nenhuma justificativa plausível, em atos de burrice, distrata a nossa cultura e a nossa arte com se elas fossem algo irrelevante e insignificante a história do seu povo.

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