Os festivais de poesia, diante do rolo compressor
que limitava a liberdade criadora, passaram a ser um instrumento de
conscientização, preocupado em levar uma mensagem libertadora à sociedade estudantil;
e a poesia, uma forma de reflexão, de despertar e de denúncia da realidade
política e social vivida pela população sertaneja, principalmente, os que não
tinham acesso a informação. Mas os objetivos dos festivais iam muito além da
lapidação de alguns estudantes sonhadores com os ideais de liberdade, foi
também uma forma de promoção e de descoberta de novos valores no meio cultural
e artístico de uma cidade, que sedo aprendeu a prestigiar e incentivar a
produção de eventos culturais em Cajazeiras.
A realização do primeiro festival em setembro
de 1973 - uma iniciativa dos grupos de jovens GINC e GRUJUCA ficou visível a
sua finalidade e os caminhos que o mesmo deveria percorrer; e que pela ótica
dos que estavam por traz daquele acontecimento literário; era que o evento
deveria dá segmento nos anos subsequentes, tal como o Festival da Canção no
Sertão, que era realizado todo ano com participação maciça de compositores,
músicos e poetas da cidade e da região.
Entretanto por falta de apoio dos órgãos
oficiais, os seus promotores não tiveram estrutura para dá continuidade no ano
seguinte, em 1974. O festival tardou, mas ressurgiu um ano depois, em outubro
de 1975. Desta feita, numa versão que teve a cara o do seu idealizador - o
poeta Irismar de Lyra, porém de forma limitada, restrito apenas aos alunos do
Colégio Estadual Crispim Coelho, já que o mesmo era uma iniciativa do Centro Cívico
Olavo Bilac daquela unidade escolar. Em meios a descontentamentos dos
estudantes de outras unidades escolar, impedidos de participar em 75, o
festival voltou a ser realizado mais uma vez, em agosto de 1976, com mais de 22
poesias inscritas, sob a direção de José Alves Neto, então presidente do Centro
Cívico do Colégio Estadual.
No ano seguinte, em 1977, o festival ressurgiu das cinzas da limitação e adotou um caráter mais democrático, quando depois de seguidas reuniões entre os principais presidentes dos Centros Cívicos dos colégios da cidade, juntamente com membros do Diretório Acadêmico da FAFIC, ficou determinada a participação de todos os estudantes das unidades de ensino - secundaristas e acadêmicos da cidade no festival. Foi criado um grupo gestor para o evento e em seguida, várias comissões também foram formadas nas unidades escolares, objetivando fazer a divulgação e o trabalho de inscrições dos alunos interessados.
Os festivais de poesia em Cajazeiras marcaram uma época onde a produção desse gênero literário havia virado febre na cidade, cujo calor, incinerou corações um tanto dilacerados pela repressão. Mas fez nascer o ideal libertário numa terra distante dos grandes centros urbanos, porém presente na vida e na alma do sertanejo.
2 comentários:
Belos tempos!Sonhávamos com um futuro que seria construído por nós,os sonhadores de tempos mais libertários...até onde pudemos chegar...
Os sonhos que o tempo nos deu; que vivemos intensamente na Cajaeiras dos 60, 70 e 80. Tempos em que sonhar era possível e, a realização uma certeza embalada por um romantismo sem igual.
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