Quem não gosta de ouvir uma boa música. E quem há de censurar uma melodia afinada, um dobrado apurado num coreto qualquer, ou até mesmo, uma retrata aos domingos. Mas quem já via a banda passar e por não gostar fez cara feia? A música venha de onde vier; seja que tipo for e em que lugar for tocada é uma linguagem universal e quem faz dela sua razão de viver, também. Ela é algo abstrato que acalanta o ego e alegra a alma. Os que dela dedilham a vida tocando seus instrumentos, ensinando acordes, merecem a contemplação eterna.
Por essa atmosfera melódica, entre partituras e instrumentos, segurando com muito esmero a velha batuta, numa trajetória que varou períodos, épocas e eras; trilhou o nosso maestro Esmerindo Cabrinha. Mestre na vida e na música passou dos 80 anos fazendo o que gosta - a música. Foi, e é, para as gerações vindouras, toda referência em matéria de ser humano. Exemplo de dedicação e compromisso com aquilo que fez e faz. Um ser a serviço da ideia e da prática musical. Um verbo de que através do seu ofício, doutrinou, aconselhou e mostrou por onde passou um dos caminhos (como opção) que a juventude devia percorrer. Por isso se dedicou com a melhor perfeição na formação de jovens músicos compromissados com a música.
Em Cajazeiras, sua terra natal, animou carnavais de ruas, liderou Orquestras de Frevos e de Bailes nas principais festas da cidade e região. Criou na década de 60 a Banda Feminina Municipal, que por onde passou esbanjou talento e simpatia, sendo referendada como um feito avançado num tempo em que à música instrumental era praticamente dominada pelos homens. Como regente da Orquestra Manaíra, dirigiu figuras expressivas da música cajazeirense da época, como maestro Rivaldo Santana e o músico - homem do rádio Mozar Assis. No entorno de Cajazeiras, em Bom Jesus, o trabalho do maestro cajazeirense se fez presente nos arranjos aprimorados do Hino Oficial daquela cidade.
Cumprindo o que manda o conceito da universalidade e, seguindo o rito natural que determina que a música deve estar presente onde houver gente para ouvir; o maestro foi cativado e convidado por representantes de Aurora/CE, para ensinar música naquela localidade cearense. Lá, o mesmo através de um elementar aprimoramento com os músicos, praticamente recriou a Banda de Música Municipal; fundou juntamente com o Padre Luna Tavares, em 1986, a Banda de Música Senhor Menino Deus do Colégio Paroquial e fez a melodia e os arranjos do Hino Comemorativo ao Centenário da cidade.
Esmerindo Cabrinha da Silva - um nome que parece estranho para uma região onde os Josés, Joãos e Antônios são maiorias, dominava divinamente boa parte dos instrumentos de sopro, com destaque para o saxofone e clarinete. Dos oitos filhos que teve com Dona Lilia, com quem foi casado, apenas dois se enveredou pela música, José - aprendeu a tocar saxofone e Gilberto - violão, atabaque e afoxé. A sua importância na atividade musical para a cidade de Cajazeiras, não é diferente da que é Severino Araújo para João Pessoa. Pois tanto um como o outro se apegaram as paixões por essa linguagem artística e através da dela fizeram muito pelas duas cidades.
LEGENDA DAS FOTOS:
01. Imagem do maestro na homenagem no Cajazeiras Tênis Clube.
02. A inesquecível Orquestra Jaz Manaíra
03. O maestro e a Banda de Música de Aurora - CE
04. A surpreendente Banda de Música Feminina de Cajazeiras, em Pombal, 1974
05. (arquivo de Verncek Abrantes) Com alunos da Banda de Pombal
06. A Banda de Música Feminina na antiga sede aos fundos da Coleturia Estadual de Cajazeiras
07. Escadaria da Igreja Nossa Senhora de Fátima, anos 70. No fundo, o Coreto da praça
08. Bande de Música Padre Cícero. Criada por Raimundo Ferreira e a Câmara Junior
09. Banda de Música Santa Cecilia
10. Bando da Alegria (anos 50). Um dos primeiros Conjuntos de Baile de Cajazeiras (foto: Roberto Lacerda)
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