porCleudimar Ferreira
Capa do programa da exposição Íracles Pires.
Acervo: Cleudimar Ferreira
Era 1985. Entre os dias
26 e 30 de janeiro daquele ano, segmentos da cultura cajazeirense tiveram a
oportunidade de ver um antigo sonho concretizado. Foi à entrega pelo então
Governador Wilson Leite Braga, do Teatro Íracles Pires, reivindicação
de décadas da classe artística local, principalmente o segmento
teatral. Nesses mesmos dias, o tradicional Grupo Escolar Monsenhor Milanez
foi espaço para uma exposição retrospectiva em homenagem à vida e obra da diva
do teatro amador de Cajazeiras.
A exposição coordenada pela
artista plástica Telma Rolim Cartaxo e Assessorada pelos técnicos
culturais Gregório Guimarães, Aldacira Pereira e Socorro Meneses, mostrou às
presentes peças, objetos, fotografias, documentos e escritos que pertencia a
Dona Ica - como era chamada, além de um vasto material cedido por amigos da
teatróloga, bem como, os arquivos do TAC - Teatro Amador de Cajazeiras.
Revendo o programa da
exposição, encontrei na apresentação bonitas palavras escritas por Telma
Cartaxo, que bem define como era o carisma de uma das nossas principais
pioneiras do teatro amador no sertão paraibano. Na abertura da exposição,
presa ao programa da mostra, disse assim Telma: "Falar sobre Íracles não é
fácil. O silêncio de quase seis anos sufoca, dilacera. Só há uma saída: fazer
de conta que nada mudou. Recorde aquela mulher maravilhosa de forte altivo.
Absorva sua energia e iluminando-se no seu sorriso, vejo esta exposição com
olhos de vida e arte. Sinta-a. Escute-a.”
E segue Telma Cartaxo,
brincando coma as palavras, psicografando a imagem e o universo de Íracles
Pires. "Saber ouvir Íracles é um estado de garça. É partilhar
caminhos e paralelas. É olhar para o alto e alçar voo. É sentir a emoção
embargando a garganta. O coração pulsando mais apressado. É tudo isso e muito
mais. É alegria, carnaval, folia, saudade, desafio, sombra, raiva, seresta,
desaforo, verdade, sonho, paixão, arte, vida, amor, liberdade, o reencontro com
Ica em voz e espírito."
E estende-se na emoção das
palavras Telma: "Na verdade, como ela, ninguém. Divina no palco e na vida.
Senhora do mundo. Rainha da festa. Expressão de comunicação de massa.
Locomotiva política. Embaixatriz do sertão. Mãe do povo. Madrinha da cidade. Amiga
dos seus amigos ontem, hoje e sempre." "... Moça bonita, a semente
plantada floresceu. O sonho virou realidade. Cajazeira te ama. Essa casa de
Espetáculos é sua. Fruto de sua luta. Realidade e força de sua
expressão." Finalizou Telma Rolim Cartaxo. A inauguração do
teatro e abertura da exposição Íracles Pires, fez parte das comemorações
dos 400 anos da Paraíba.
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Um comentário:
esta materia me faz voltar no tempo e vivencir os anos de efervecencia cultural de cajazeiras e mais precisamente do atelier de arte. valeu cleudimar. do velho amigo gregorio guimaraes
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