sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Uma exposição em homenagem a Íracles Pires

por: Cleudimar Ferreira

Capa do programa da exposição Íracles Pires

Era 1985. Entre os dias 26 a 30 de janeiro daquele ano, segmentos da cultura cajazeirense tiveram a oportunidade de ver um antigo sonho concretizado. Foi à entrega pelo então Governador Wilson Leite Braga, do Teatro Irácles Pires, reivindicação de décadas da classe artística local, principalmente o segmento teatral. Nesses mesmos dias, o tradicional Grupo Escolar Monsenhor Milanez foi espaço para uma exposição retrospectiva em homenagem à vida e obra da diva do teatro amador de Cajazeiras.

A exposição coordenada pela artista plástica Telma Rolim Cartaxo e Assessorada pelos técnicos culturais Gregório Guimarães, Aldacira Pereira e Socorro Meneses, mostrou aos presentes peças, objetos, fotografias, documentos e escritos que pertencia a Dona Ica – como era chamada, além de um vasto material cedido por amigos da teatróloga, bem como, os arquivos do TAC – Teatro Amador de Cajazeiras.

Revendo o programa da exposição, encontrei na apresentação bonitas palavras escritas por Telma Cartaxo, que bem define como era o carisma de uma das nossas principais pioneiras do teatro amador no sertão paraibano. Na abertura da exposição, presa ao programa da mostra, disse assim Telma: "Falar sobre Íracles não é fácil. O silêncio de quase seis anos sufoca, dilacera. Só há uma saída: fazer de conta que nada mudou. Recorde aquela mulher maravilhosa de forte altivo. Absorva sua energia e iluminando-se no seu sorriso, vejo esta exposição com olhos de vida e arte. Sinta-a. Escute-a.”

E segue Telma Cartaxo, brincando coma as palavras, psicografando a imagem e o universo de Íracles Pires. "Saber ouvir Irácles é um estado de garça. é partilhar caminhos e paralelas. É olhar pro alto e alçar voo. É sentir a emoção embargando a garganta. O coração pulsando mais apressado. É tudo isso e muito mais. É alegria, carnaval, folia, saudade, desafio, sombra, raiva, seresta, desaforo, verdade, sonho, paixão, arte, vida, amor, liberdade, o reencontro com Ica em voz e espírito."

E estende-se na emoção das palavras Telma: "Na verdade, como ela, ninguém. Divina no palco e na vida. Senhora do mundo. Rainha da festa. Expressão de comunicação de massa. Locomotiva política. Embaixatriz do sertão. Mãe do povo. Madrinha da cidade. Amiga dos seus amigos ontem, hoje e sempre." "... Moça bonita, a semente plantada floresceu. O sonho virou realidade. Cajazeira te ama. Essa casa de Espetáculos é sua. Fruto de sua luta. Realidade e força de sua expressão." Finalizou Telma Rolim Cartaxo. A inauguração do teatro e abertura da exposição Íracles Pires, fez parte das comemorações dos 400 anos da Paraíba.




Um comentário:

Anônimo disse...

esta materia me faz voltar no tempo e vivencir os anos de efervecencia cultural de cajazeiras e mais precisamente do atelier de arte. valeu cleudimar. do velho amigo gregorio guimaraes