porCleudimar Ferreira
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Dão por certo alguns historiadores que pesquisam sobre a atuação do cangaço Nordestino, que em umas das andanças de Virgulino Ferreira da Silva - Lampião, à Juazeiro - Ceará, o Padre Cícero havia pedido a Lampião que evitasse atacar a cidade de Cajazeiras, pois segundo ele, era uma terra abençoada, a qual existia um padre quase santo que era seu amigo e que tinha carinho e apreso ao mesmo. O religioso que Padre Cícero se referiu na conversa com Lampião, era o Padre Inácio de Sousa Rolim - o Padre Rolim. Fundador da cidade e do primeiro educandário escolar do sertão paraibano.
Asseguram também esses mesmos estudiosos do assunto, que por volta de 1926, Padre Cícero - que naquela época além de ser anticomunista já misturava e confundia política com religião, teria aproveitado a lealdade que o rei do cangaço tinha a sua pessoa, e havia proposto a Lampião atacar a Coluna Prestes quando essa cruzasse o Nordeste. Em troca, o cangaceiro receberia uma patente de Capitão das Forças Patrióticas.
De fato, a história confirma que o acordo foi feito. O padre de Juazeiro juntamente com amigos donos de terras da Região do Cariri, equipou Lampião e seu bando com armas e munições. Relatam os historiadores, que Lampião recebeu as armas, as munições e a patente de Capitão, mas nunca atacou Luís Carlos Prestes e seus seguidores, configurando-se na primeira e única traição do rei do cangaço ao Padre Cícero. Mas, seria talvez essa a primeira e única ludibriada do famoso justiceiro do sertão ao padre de Juazeiro?
O ataque do cangaceiro Sabino Gomes - seu lugar tenente (como próprio Lampião afirmou no dia 6 de março de 1926, em entrevista ao médico de Crato, Octacílio Macêdo), a cidade de Cajazeiras não seria a segunda traição de Lampião a Padre Cícero, já que esse fato ocorreu em 28 de setembro de 1926, oito meses após o encontro de Lampião com Padre Cícero e de ter sido entrevistado pelo médico Octacílio Macêdo?
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Portanto, se os fatos registrados pela história forem reais, há alguns pontos neste episódio que merecem também uma reflexão pelos estudiosos do cangaço. Será que Sabino Gomes quando atacou a cidade de Cajazeiras, não estavam com ele na empreitada, cangaceiros pertencentes ao bando de Lampião? E para fazer frente à defesa montada pela população cajazeirense, Sabino e os comparsas não estavam também reforçados com as armas cedidas a Lampião para combater a Coluna Prestes?
Para finalizar, uma pergunta que não me deixa calado veio a minha mente: Se Lampião tinha tanto apreso ao Padre de Juazeiro, porque permitiu que o seu “braço direito” Sabino Gomes, invadisse Cajazeiras? Será que Lampião não sabia da invasão do cangaceiro a cidade? Ou sabia? E assim, para não ficar caracterizado a sua segunda pérfida ao seu Santo Padim Ciço, será que Lampião ao invés de atacar Cajazeiras, preferiu de forma poltrão, mandar o seu principal homem de confiança? Com a palavra os simpatizantes do assunto.
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