quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

3ª Coletiva Cajazeirense de Artes Plásticas: Um grito contra o isolamento.

por Cleudimar Ferreira

Capa do Catálogo. Acervo Cleudimar Ferreira


Revendo o catálogo da III Coletiva Cajazeirense de Artes Plásticas - realizada em 1983, uma reflexão me veio à tona quando li o primeiro parágrafo da apresentação feita, na época, pelo diretor do Campus V da UFPB, José Antônio de Albuquerque. "Porque a divulgação na mídia paraibana da produção de artes no estado, esteve restrita durante várias décadas, a apenas pequenas notas; a algumas colunas assinada por jornalistas (sem pouco embasamento teórico no assunto) e as raríssimas matérias de meia página publicadas nos principais periódicos da Paraíba!?"

Uma produção que aos olhos dos que ousaram escrever, só existia na grande João Pessoa e vagamente na cidade de Campina Grande. Visivelmente esquecendo o bom trabalho dos artistas do interior, como: Chica Egípcia - Santa Luzia; Ely Perazzo em Areia; Maria Araújo e José Alves - Pombal; José Carlos e Murilo Santos - na cidade de Patos; Miguel Guilherme em Sumé; Modesto Maciel, Marcelo Braga e Telma Rolim Cartaxo em Cajazeiras. Seria preconceito com a produção sertaneja?... Discriminação aos artistas do resto da Paraíba que nunca estiveram no consenso dos circuitos das galerias da capital ou falta de reconhecimento a uma arte que retratou muito bem a liberdade e a força do povo do interior, como bem escreveu José Antônio: "Esta pode ser a forma de um grito contra o isolamento do espírito criativo, gerador, construtivo - cuja sonoridade pode despertar para o ato de pensar."

Veja na íntegra o texto do Professor José Antônio de Albuquerque:


"Esta III Coletiva Cajazeirense, representa a continuidade do esforço de todos aqueles que lutam penosamente para o desenvolvimento das artes plásticas no interior paraibano. Esta pode ser a forma de um grito contra o isolamento do espírito criativo, gerador, construtivo - cuja sonoridade pode despertar para o ato de pensar. Não importa o conteúdo - o que vale é o fenômeno, é inventar as formas de crescimento é dar vitalidade. Não pretendemos mudanças ou transformação de formas, mas buscar uma linguagem nova, capaz de atingir uma verdadeira busca interior dos nossos artistas que retratam a exterioridade de nossa cultura, os momentos fundamentais do homem diante da vida. O nosso meio, a nossa condição, o nosso espaço são fatores arbitrários de limitações imposta à liberdade de criar, mas cada obra de arte desta Coletiva pretende recomeçar a arte a partir da ideia de que a liberdade criadora anseia por mais espaço para poder voar, criar, libertar-se. A arte cria significações e torna inteligível a realidade sensível."

A curadoria da III Coletiva Cajazeirense de Artes Plásticas foi de Telma Cartaxo, com apoio técnico de Cleudimar Ferreira, Domingos Sávio (Salvino Lira), João Braz, Marcos Pê e Onireves de Castro.

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