por Cleudimar Ferrira
Identidade do Sócio Contribuinte do Cineclube Wladimir Carvalho
Se o Cineclube Wladimir
Carvalho estivesse ainda com as suas atividades em movimento, estaria
completando este ano 34 anos de fundação. Criado em 1976, por
jornalistas e intelectuais cajazeirenses, como: Marcos Luiz, Ubiratan
di Assis, Waliomar Rolim, Nonato Guedes e outros seguimentos da
vanguarda cultural de Cajazeiras nesse tempo, o cineclube foi uma opção na
época, para quem gostava de filmes com um conteúdo mais profundo e
questionador, diferente daqueles que rolava na programação dos cinemas da
cidade - vide os Cines Éden, Pax e Apolo XI, que
praticamente só exibiam filmes de bang bang e as pornochanchadas produzidas com opoio e, em certos casos, com fomento patrocinado pela Embrafilme.
As sessões do Cineclube
Wladimir Carvalho aconteciam sempre às sextas-feiras, na biblioteca
pública da cidade, onde após as exibições, o público presente participava
ativamente dos debates que no local eram realizados. Ele, sem dúvida, foi
durante um bom tempo, o responsável pelo desenvolvimento cultural
cinematográfico da região - embora não tenha construído um patrimônio que lhe
desse aval para voar mais alto e que assegurasse a continuidade dos trabalhos
que vinham sendo realizados até a metade do ano de 1977, quando
definitivamente paralisou as suas atividades.
Em 1979, antigos sócios, reabriram o referido cineclube. A rentrée
do cineclube para o público apaixonado por cinema de arte em Cajazeiras, teve a
colaboração significativa do Instituto Goethe do Recife, que doou dois projetos
de 16mm e colocou à disposição do cineclube, como empréstimo, vários documentários
com temas variados sobre a cultura alemã. Pela primeira vez o cineclube, passou
a ter um patrimônio, os dois projetos, essenciais paras exibições dos filmes
A reabertura oficial do cineclube Wladimir Carvalho,
aconteceu com a exibição do Filme: "O estranho Caminho de São Tiago",
(Lá Voie Lactée - título original do filme), do diretor
espanhol Luiz Buñuel, adquirido em uma distribuidora de cinema no Recife. Depois
vieram as inúmeras exibições do documentário "O que eu conto do
sertão é isso", dirigido por José Umbelino Brasil e Romero
Azevedo, (que tratava das questões fundiárias no sertão da Paraíba), cujas
exibições, na maioria, foram realizadas nas associações de bairros, sindicatos
rurais e escolas da periferia de Cajazeiras.
Nos dias de hoje, com a
inclusão da tecnologia digital, com uma maior abertura da produção audiovisual
no país e com vários festivais de cinemas acontecendo por aí a fora, o
soerguimento do Wladimir Carvalho seria a possibilidade para o fomento de
uma atividade que no passado fez história na cidade e uma boa contribuição para
a movimenta da cultura cinéfila de Cajazeiras.
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Abaixo, cena e cartaz do filme "O Estanho Caminho de São Tiago"
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